sábado, 28 de fevereiro de 2015

BAHIA



Baianas na roda....
Cecilia Menezes em Ba/Brasil


Roda de baianas
Cecilia Menezes em BA/Brasil


Baianas rodando....
Cecilia Menezes em BA/Brasil


Roda de Baianas" pátina s/ cerâmica c/ 35cm
Cecilia Menezes em BA/Brasil






 “O Sonho do Celta”


O novo livro de Vargas Llosa é uma história da vida real, mas, com toques da mais perfeita irrealidade. Pois nos apresenta a um mundo que nem em nossos piores pesadelos  acreditaríamos existir.
O livro descreve a vida de um aventureiro irlandês, Sir Roger  Casement, que foi um diplomata do Império Britânico, trabalhou em muitas causas humanitárias, esteve na África e na América do Sul, sempre como observador  crítico de como os governos tratavam os nativos colonizados e os denunciava numa guerra sem quartel.
  Um novo Quixote que não estava lutando contra moinhos de vento, mas, sim,contra muros poderosos sabendo que jamais teria oportunidade de saborear a vitória.
Após lutar freneticamente para denunciar as atrocidades cometidas pelo rei Leopoldo II, rei da Bélgica, no Congo Belga e pelas grandes empresas inglesas, no Peru, engajou-se na luta pela independência da Irlanda e foi considerado um traidor pela Inglaterra que tanto o respeitara.
Afinal, esse era o sonho do celta, tratado assim por ser irlandês e estudioso da cultura celta, a cultura do seu país;transformar o mundo num lugar melhor onde vigorasse o respeito e a harmonia entre fracos e fortes.
Aldeias eram destruídas,mulheres e crianças mortas e os homens forçados a trabalho escravo,mal alimentados e maltratados obrigados a trazer a cota certa do látex ou do marfim  que enriqueceria seus algozes.
Assim foram exterminados de 5 a 10 milhões de nativos.
O relatório, pedido pelo governo inglês para tomar pé da situação e escrito por Casement, gerou uma indignação mundial. Casement foi elevado a herói nacional, para logo depois cair em desgraça por ter se aliado aos alemães contra a Inglaterra na esperança de assim facilitar a independência da Irlanda, seu berço bem amado. Esse fato e mais a reputação de homossexual e pedófilo  selou o seu destino.


Preso e esquecido, abandonado pelos amigos ficou  ignorado por muito tempo, difamado como pervertido por causa das suas preferências sexuais e desprezado como um traidor vil , capaz de trair a nação que o acolhera e respeitara.
Se você, meu amigo ,minha amiga tem uma natureza sensível não leia esse livro apesar da sua qualidade literária;talvez você não aguente conhecer as barbaridades que os ditos civilizados perpetravam contra os nativos por ganância e  desprezo pela vida humana.
Llosa não tem medo da verdade,nem dos acontecimentos, nem das palavras; sua narrativa é crua,cortante como a chibata no lombo dos infelizes de  quem  ele descreve tão bem os sofrimentos.
O Sonho do Celta,nome escolhido por Vargas Llosa para o livro era o nome de um poema épico escrito pelo irlandês patriota e dedicado á causa do seu pais.
O livro de Llosa mostra acima de tudo quão diferente é a história humana contada pelos vencedores e os fatos  como realmente aconteceram.
 “O Sonho do Celta” é um livro instigante e comovente que trás para nós as diversas “personas”  que se escondem  dentro das nossas personalidades,algumas assustadoras.




Poente

Clarissa Macedo

O oeste do meu poema
está cansado.
Deseja navegar sem bússola
como a manhã triste,
triste como o voo dos pássaros.

Persigo o oeste do meu poema,
que permanece inalterado.
O oeste não é um lugar triste,
é só a ilusão de que mais
um caminho terminou.


In: Na pata do cavalo há sete abismos


Clarissa Macedo (Salvador – BA), é licenciada em Letras Vernáculas (UEFS), mestre em Literatura e Diversidade Cultural pela mesma instituição e doutoranda em Literatura e Cultura (UFBA). Atua como revisora e professora de escrita criativa. Está presente em diversas coletâneas. É autora de O trem vermelho que partiu das cinzas e de Na pata do cavalo há sete abismos (Prêmio Nacional da Academia de Letras da Bahia), ambos de 2014. Publica, regularmente, tanto em meios eletrônicos como impressos. Sua poesia está traduzida para o espanhol. Desenvolve projetos culturais. Participa de eventos literários por aí afora. Edita o blog Essa coisa que é o eu.

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