Casa da Vida: Maternidade Januário Cicco
Texto: Gustavo Sobral/ Ilustração:
Arthur Seabra
Contratam um artista para desenhar a fachada. Profissional formado pelo
liceu de artes e ofícios de Pernambuco e especialista naqueles arabescos,
sacadas, arcos, e tudo que revelasse a beleza das formas da arquitetura
clássica. Subiram as paredes no tempo que na cidade se andava de bonde que numa
fotografia antiga habita o momento. Era Petrópolis, Natal/RN, nos anos trinta,
tão bucólica quanto moderna naquele tempo. Construída em 1940, Avenida Nilo
Peçanha, 259, só se torna mesmo maternidade e lá nos anos 1950, quando dr.
Paulo Sobral na tecnologia do forceps realiza o primeiro parto que o Diário de
Natal contou em reportagem da época. A ocupação como quartel general na segunda
guerra mundial atrasou o emprego a que a casa era destinada. E cada fato ficou no
seu tempo. Quem inventou aquilo tudo foi um médico quando a história costumava
a registrar que um visionário era um realizador do futuro, pois foi aquele que
lhe emprestou o nome, o médico Januário Cicco.
Joaquim Victor de Holanda o futuro construtor da cidade arrumou o pórtico
de colunas imponentes que passada a escadaria compõem a sua entrada, nos
frontões de beleza barroca, rosáceas, arcos plenos em algumas janelas e
cobertura com o charme das telhas coloniais aparentes. O edifício imperioso
para o seu tempo criava-se em três andares de volumes bem definidos, portas e
janelas em desenho harmônico e no terceiro pavimento uma varanda. Sessenta e
cinco quartos, cada quarto o nome de uma flor e dois leitos, de maneira que
cada criança que nascia para a vida chegava à vida embalada por um quarto como
se brotasse em um jardim. E assim a Maternidade Januário Cicco se inscreve como
única maternidade sabida em que os leitos não são números, são flores, e o
edifício se completa com todos os serviços essenciais à vida da criança e da
gestante, e assim se realiza o visão do seu criador de que a maternidade é o
berço do milagre da vida.
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