NO BOSQUE DA NOITE (Nightwood) de
Djuna Barnes (1892 – 1982) (Códex, 200 págs.) O amor homossexual de Nora e
Robin serve de mote para a autora retratar uma sociedade decadente na Europa
dos anos 20. O conjunto dos personagens é o foco do interesse. Os diálogos
entre a amante traída e o desbocado doutor O`Connor, que reflete sobre o amor
baseando-se na história e na religião, são sensacionais. Gosto também do
lirismo sempre presente e na mistura dos gêneros. A autora, norte-americana,
foi repórter, ilustradora e crítica de teatro. Publicado em 1936, o livro
tornou-se um clássico do século 20, já teve mais de 50 edições e foi aplaudido
por escritores como James Joyce e Graham Greene. A edição brasileira tem um
excelente prefácio do poeta T. S. Eliot. Nota: ***** (ótimo)
(04)
tua
lembrança
posso tocá-la
de tão próxima
nesta noite
de sutilezas e argúcias
em que não
consigo dormir
caminhando
na lassidão
da aragem
fresca da campina
a monótona
coleção de sombras
provoca-me
indolência
afundando
olhos decaídos
na miragem
envolta em vapor
na claridade
súbita
ondulações
espasmos
retorcimentos
- tua
lembrança
(do livro “Suave é o Coração Enamorado”,
2006)
ANTONIO NAHUD
Jornalista de formação, atuou
como corresponde cultural na Europa. O primeiro livro deste escritor viajante
surgiu em 1993, “O Aprendiz do Amor”. Em Portugal, publicou “Retratos em Preto
& Branco – Contos Góticos de Madri” (1996), “Ficar Aqui Sem Ser Ouvido por
Ninguém” (1998), “Caprichos” (1998) e, mais recentemente, “Se Um Viajante Numa
Espanha de Lorca” (2005). Ano passado recebeu o Troféu Cultura RN de Melhor
Livro do Ano por “Pequenas Histórias do Delírio Peculiar Humano”.
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